terça-feira, 29 de maio de 2012

Raionismo

Raionismo, ou raísmo, termo que faz menção a um estilo pictórico desenvolvido na Rússia entre 1912 e 1914, tem como seus maiores representantes Mikhail Larionov (1881 - 1964) e Natalia Gontcharova (1881 - 1962). Remete diretamente à noção de raios de luz entrecruzados a partir dos quais a composição - geralmente orientada na diagonal - é construída. Luz e cor são os componentes fundamentais das obras raionistas. Se a luz no impressionismo é usada para realçar as coisas, aqui ela se torna o objeto do quadro, organizado em função de uma espécie de orquestração entre raios luminosos e cores. A idéia é menos representar a luz e o movimento, mas construir um espaço sem objetos - absoluto - formado por puro movimento e luz. Do ritmo dinâmico dos raios, que correm paralelos ou em sentidos contrários na superfície, se decompõem as cores do prisma. No Manifesto escrito em 1912 e publicado no ano seguinte na exposição Alvo organizada em Moscou por Larionov, Gontcharova e Malevitch (1878 - 1935) -, os artistas afirmam ser o raionismo uma "síntese do cubismo, do futurismo e do orfismo". À investigação da estrutura da composição - seus ângulos, volumes e planos geométricos - tal como empreendida pelo cubismo, soma-se a pesquisa do movimento de forma semelhante à realizada pelo futurismo, aos quais se associam os temas órficos (líricos e mitológicos), aliados ao uso da cor.
O movimento raionista está diretamente ligado aos seus criadores e às pesquisas formais levadas a cabo pelas demais vanguardas russas do começo do século: o suprematismo e o construtivismo. Embora com ênfases distintas, esses movimentos apontam caminhos variados para as pesquisas abstratas que terão lugar a partir de então. O suprematismo de Malevitch vai defender uma arte livre de finalidades práticas e comprometida com a pura visualidade plástica. O construtivismo de Vladimir Tatlin (1885 - 1953) pensa a pintura e a escultura como construções - e não como representações -, guardando proximidade com a arquitetura em termos de materiais, procedimentos e objetivos. Aí também se evidencia a pesquisa com o movimento, por exemplo, nos relevos tridimensionais de Tatlin. O raísmo sinaliza, a seu modo, um corte em relação à idéia de arte como representação, pela apresentação da luz e do movimento em abstrato. Na ambição de decompor a imagem em "diagrama de raios", o raionismo recorre ainda às pesquisas empreendidas pelo divisionismo de Paul Signac (1863 - 1935).
A primeira fase da obra de Larionov se beneficia mais de perto das sugestões da arte popular russa (por exemplo, nas séries Soldados e Prostitutas, 1980/1913). E é responsável pela organização de diversas exposições de vanguarda: a Valete de Ouros, em 1910, Rabo de Burro, 1912, e Alvo, 1913, quando é lançado o raionismo. De acordo com as linhas mestras do movimento, ele produz uma série de obras como Raísmo, 1911 e Raionismo Azul, 1912/1913. Em 1915, deixa a Rússia com sua mulher Gontcharova, e fixa-se em Paris em 1919. Nessa fase, abandona as pinturas e se dedica aos projetos cenográficos para os balés russos de Serguei Pavlovitch Diaguilev (1872 - 1929). Gontcharova se inicia na pintura em 1904 e com Larionov participa de uma série de atividades artísticas, como Valete de Ouros e Rabo de Burro. Em sua obra, apontam os críticos, ela combina as influências da arte popular, do fauvismo e do cubismo. Nos trabalhos realizados no movimento raionista é possível flagrar sua adesão mais decidida ao futurismo (Gatos, 1910, e Composição, ca.1913). Em Paris, produz cenários e figurinos para o teatro, também para os balés de Diaguilev. A saída de Larionov e Gontcharova da Rússia coincide com o abandono da pintura de cavaletes e com o fim do movimento raionista, pois nenhum deles deixa escola ou forma discípulos.
Ainda que as vanguardas russas de modo geral tenham deixado suas marcas na arte contemporânea brasileira - sobretudo nas produções de caráter construtivista do concretismo e do neoconcretismo - não é fácil localizar influências precisas do raionismo na arte nacional. Se a cor é elemento fundamental nos sintagmas visuais concretos, ligada à seriação e ao movimento - em obras de Hermelindo Fiaminghi (1920 - 2004) e Luiz Sacilotto (1924 - 2003), por exemplo -, ganhando maior conotação expressiva nas pesquisas neoconcretas - como em Aluísio Carvão (1920 - 2001) e Hércules Barsotti (1914) -, ela parece distante dos ritmos luminosos do raionismo. A obra de Malevitch, sobretudo em sua vertente suprematista, esta, sim, parece mais afinada com a produção nacional dos anos 1950 e 1960. Vale lembrar que parte da obra de Malevich está presente na 22a Bienal Internacional de São Paulo, de 1994.
Fonte: www.itaucultural.org.br
Raionismo

O Movimento Futurista

O futurismo, base para o raionismo, quebrava a ligação com o passado, considerava os críticos de arte inúteis, rebelava-se contra o bom gosto, a harmonia e a tradição.
Os futuristas acreditavam na ciência e na tecnologia, amavam as máquinas; a velocidade – os carros e aviões; o urbano; a juventud [removed][removed] e. Admiravam o triunfo tecnológico do homem sobre a natureza.
Influenciou profundamente o futuro da arte em todo o mundo. Além do Raionismo russo, sente-se também sua influência na Art Deco, no Vorticismo, Construtivismo, Surrealismo e no Dadaísmo.

O Raionismo

O Raionismo de Mikhail Larionov e Natalia Goncharova procurou ir além da abstração futurista, através da dinamicidade dos raios e das cores contrastantes da reflexão da luz de determinado(s) objeto(s). Assim, as pinturas raionistas eram obtidas do resultado da interseção dos raios refletidos de vários objetos e formas.
Os raionistas queriam demonstrar a essência da pintura – a combinação de cores, a saturação, a relação das massas de cor, profundidade, textura – e não a realidade dos objetos pintados. Seria, mais ou menos, como se cada objeto fosse uma fonte de luz e o artista pintasse não a luz, mas os raios refletidos por ela. Cuidando, entretanto, de pintar somente os reflexos da luz (objeto) escolhida e não todos os reflexos vistos, vez que o reflexo de outras luzes (outros objetos) interfeririam em seu campo visual.

Goncharova e Laionov disseram sobre sua arte:
“A soma dos raios de um objeto (A) cruza a soma dos raios do objeto B, no espaço entre eles certa forma aparece, e esta é isolada pela vontade do artista.
Percepção, não do objeto em si, mas da soma de seus raios, está, por natureza, muito mais perto da superfície simbólica da imagem do que é o próprio objeto. Isso é quase o mesmo que a miragem que aparece no ar ardente do deserto e representa cidades distantes, lagos e oásis no céu (em casos concretos). Raionismo apaga as barreiras que existem entre a superfície da imagem e da natureza.
Um raio é representado provisoriamente na superfície por uma linha colorida.”
O raionismo representou para a arte abstrata russa a libertação do tradicionalismo e do realismo, que oprimiam a criatividade artística




Raionismo Vermelho de  Mikhail Larionov.

1911

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/raionismo/raionismo.php#ixzz1wHg3wk15

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